Lua de Sangue Segunda Edição- Capítulo 3

 

 
 
⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆ Capítulo 3 ⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆ 
 
 
 
 

    Max era rápido,isso não deveria ser uma surpresa, eu sei, mas eu ainda estou em estado de choque, chegamos nos limites da cidade de Foggy Forest em menos de vinte minutos, o que em uma viagem de carro levaria duas horas.

    Paramos assim que chegamos em um pântano.

   -Podemos voltar?- digo quando ele me coloca de volta do no chão -tenho quase certeza que deixei meu fígado lá atrás

   -Você vai se acostumar- garante Max- talvez algum dia você possa correr tanto quanto eu

   -Claro- digo descrente

   -Quando você for igual a mim- ele me lembra

   -Achei que já fosse- digo, entrando na dele

   -Ainda não- diz- você é meio humana ainda.

   -Claro- apenas digo

    -Eu  explico quando chegarmos em Sienna- Max abre espaço entre os galhos para que eu possa passar.

   -Aonde?

   -Sienna.

   -Ah- digo, como se o que ele acabou de dizer fizesse todo o sentido.

   -É um dos reinos do Mundo Sobrenatural- diz ele

   -Ah- eu digo novamente, eu deveria saber o que é o Mundo Sobrenatural? - e aonde fica essa tal Sienna?

   -Você vai ver- ele diz começando a andar rapidamente para dentro do pântano.

     Eu o olho com um ar de repulsa, ele se vira e diz:

   -Tem nojo do pântano?-pergunta ele ,aparentemente se divertindo com minha aversão em relação ao pântano fedido e gosmento- ande logo,sua avó está esperando.

   -Minha quem?- eu o fito com minhas sobrancelhas erguidas

   -Sua avó- ele olha novamente para mim -é por isso que você está indo à Sienna, ela quer te ver.

     Sinto uma tontura vertiginosa,como se o chão não estivesse mais sob meus pés. Max chega até mim em uma questão de milésimos e me segura antes que eu possa cair dentro daquele pântano viscoso.

   -Opa,opa,opa- diz Max me firmando sobre um tronco de salgueiro caído em uma parte rasa- tudo bem?

    Eu afirmo com a cabeça, mas o que eu quero dizer mesmo é "NÃO".

   -Pode andar sozinha?

   -Sim- respondo, mesmo sabendo que vou cair- consigo.

   -Tudo bem então- ele volta a seguir em frente, enquanto eu tento voltar a respirar

    Continuamos a caminho do centro do pântano em silêncio, algumas vezes, Max se virava para trás, imagino que para ver se eu ainda o estava seguindo. Como minha avó pode estar viva?

    Minha mãe me disse que ela havia morrido no parto e quem cuidou dela a vida inteira fora meu avô,então devia haver algum engano...

    Mas bom, eu estou seguindo um vampiro, eu deveria esperar por isso, mas me atrapalho quando meu tênis fica preso em um buraco e eu quase caio de cara no chão.

   -Cuidado- reclama Max irritado- vocês humanos são tão desastrados!

    Ele diz as coisas come se eu tivesse culpa de ser só uma humana esquisita!

   -Você não é esquisita- diz Max

    Eu paro.

   -Como é que você...

   -Leio mentes- diz ele, com naturalidade, claro que ele lê mentes.

   -Ah- digo, acho que fiquei com aquela cara de tapada que eu faço quando estou surpresa.

   -E eu já fiz isso, na cabana, eu li seus pensamentos e os respondi, você nem notou.

    Minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, não se pode jogar essas coisas tudo de uma vez!

   -Você não é estranha- ele dizia em um tom baixo, se virando para continuar andando- na verdade é bem bonita... e beijável.

  -Eu deveria agradecer?- eu pergunto tentando controlar os meus hormônios e meu rosto ruborizado. Deus,como eu me envergonho fácil!

   Ele se vira e vem em minha direção, passando a mão pela minha cintura e me pegou no colo. Fiquei mais vermelha ainda,suas mãos estavam em minhas costas e coxas,sua pele era tão fria que tive um arrepio rápido, nossos rostos a centímetros de distância.

  Penso em reclamar e ordenar que ele me coloque no chão, mas meus pensamentos parecem se enevoar quando seus olhos encontram os meus.

  -Você tem um cheiro doce- diz ele

  -Obrigado?- sussurro, sem jeito

  -Não agradeça...- sussurra de volta, apesar da escuridão que nos envolvia pude perceber seus olhos mudando de cor- isso não é bom...

  -Por que não?

  -Você é uma tentação, uma enorme e gigantesca tentação- suas mãos se movem por minha cintura, parando na base de minha coluna -você é tão frágil  e pequena, posso te matar sem nenhum esforço... mas é diferente, como... como uma droga. Eu sei que errado, mas não consigo evitar.

  -Desde quando estamos trocando confidências?- sussurro

   Max parece se ofender levemente e eu mordo a língua, machucando um pouco, posso sentir o gosto de ferro na boca.

  Como era possível eu estar me sentindo atraída por ele, um completo estranho?

  Era ridículo!

  -Sabe,eu agradeceria muito se você não soubesse o que eu estou pensando- digo, tentando me afastar um pouco dele- então se você parasse de ler minha mente seria muito bom

  -Falar é muito fácil- diz, novamente com um sorriso em seus lábios- você é diferente de todas as outras senhorita Kitter... diferente de todas que eu já conheci nesses últimos cento e dez anos...

  -Isso é bom?-pergunto com uma inocência forçada

  -É péssimo- ele diz dando uma risada que ecoava em seu peito.

   Quando eu menos esperava, estávamos correndo novamente.

                                                                               ⛤⛤⛤

   Quando chegamos ao centro do pântano, fiquei maravilhada.

   Era como se a luz da lua brilhasse mil vezes mais, deixando a água cristalina, diferente da água fedida e viscosa as margens do pântano. As folhas de um salgueiro brilhavam sob a luz da lua, literalmente brilhavam, era como se eu estivesse em um cenário de filme de contos de fadas, o lugar era mágico.

   Max me soltou gentilmente sobre um tronco e eu pergunto, maravilhada:

  -Que lugar é esse?

  -A entrada para Sienna- diz ele

  -É lindo...

  -Está pronta?- pergunta Max, me estendendo a mão.

  -Faz diferença?- digo

  -Não- ele responde sorrindo.

  -Então acho melhor que eu esteja.

  -Então vai ter que pular- ele diz, sorrindo.

  -Eu vou o que?!

  -Eu te mostro- ele diz, sorrindo e pulando para dentro da água

  Eu paro.

  -Max!- grito, procurando ele dentro da água -Max cadê você?!

   Nada.

  -Mais que droga!- digo levemente irritada e pulo também.

   Foi como se eu simplesmente tivesse pulado para a toca do coelho de Alice no País das Maravilhas.

   Não foi como se eu pulasse realmente na água, nem sequer me molhei, foi como se eu tivesse simplesmente saído do pântano, estava claro, o sol raiando no lugar da lua brilhante. Foi quando percebi que não estava mais no meu mundo, estava no Mundo Sobrenatural.

   Procurei por Max, mas não o encontrei, então voltei pelo caminho que havíamos feito minutos atrás.

   Quando cheguei perto da margem pude ver um pequeno vilarejo no lugar que deveria estar a cidade de Fogg Forest , caminhei desajeitadamente até ele, quase caindo várias vezes em buracos no chão.

   As pessoas eram muito diferentes das que eu estava acostumada,pude perceber duas crianças brincando(imagino que sejam gêmeas) perto de uma casinha amarelo-desbotado, a garotinha usava uma tiara de orelhas de coelhos,me aproximei mais e pude ver que estava enganada. Não era uma tiara,eram suas próprias orelhas, parei, tentando processar tanta informação.

   Dei um pulo quando senti uma mão em meu ombro.

   Era Max.

  -Bem vinda ao Mundo Sobrenatural princesa -diz ele.

  -Princesa?-digo, com uma vontade inexplicável de rir.

   Ele começa a andar e tenho que me esforçar para alcança-lo.

  -É só um jeito de chamar uma garota bonita como você- diz ele piscando.

  -Primeiro eu sou uma vampira, agora sou uma princesa?- resmungo

  -Pare de reclamar e me siga- ordena Max, rude de repente.

   Seguimos por um caminho afastado do vilarejo, antes de nos escondermos em um dos enormes muros de arbustos enquanto pessoas vestidas como guardas da Idade Média passavam marchando.

  -Por que estamos nos escondendo?- pergunto, encarando meio assustada, meio maravilhada pelos homens que seguiam em direção ao vilarejo.

   -Digamos que não somos muito bem vindos nesse lado de Sienna.

  -Por que?

  -Algumas pessoas nos chamam de rebeldes- diz ele, rindo e eu o olho confusa -mas gosto de pensar que nós simplesmente não somos submissos ao governo do Milles .

   Eu pisco.

  -Quem é Milles?- pergunto num sussurro

  -É como se ele fosse um tipo de rei- responde Max no mesmo tom, observando os guardas se afastarem.

  -Hã?- pergunto confusa

  -Ele manda em todo mundo, menos em nós, é claro. Tem um castelo e é podre de rico.

  -Então ele é um rei.

  -Tanto faz- diz Max- temos que continuar, sua avó esta esperando.

  Voltamos a andar.

  -Então minha avó- digo limpando a garganta, e tentando soltar minha blusa de um galho -ela também é igual a você?

  -Uma vampira?- diz ele -sim.

  -Ah

  -Ela é nossa líder.

  -Hã?

  -Como Milles, ela manda, nós obedecemos. Tem um castelo e é muito rica.

  -Como uma rainha?

  -É- ele responde seco.

  -Hm- digo- e como posso saber que você não está mentindo para mim?

   Ele se vira para me olhar,seus olhos eram negros como a noite... quando foi que eu fiquei tão piegas assim?!

   Ele se aproximou me olhando nos olhos e disse:

  -Eu nunca, jamais, iria mentir para você-disse e fez uma coisa que fez coração da cambalhotas dentro do meu peito. Seu rosto estava perto do meu, como se fosse me beijar, mas infelizmente, ele apenas me envolveu em seus braços fortes em um abraço apertado -não é algo que eu goste de fazer, mentir, no geral.

   Pude sentir sua respiração em meu pescoço, ficando cada vez mais ofegante, até que ele ficou tenso.

   -Max?- eu pergunto antes de sentir uma dor terrível em meu pescoço.

   Eu grito.

   Suas presas estavam fincadas em meu pescoço, sugando meu sangue.

   Ele me mordeu! Esse vampiro desgraçado me mordeu!

  -Max! Pare!-eu imploro, mas ele não me ouviu.

   Tento desesperadamente me soltar de seu abraço de ferro, inutilmente. Me debato em seus braços.

  -Não se mexa, só vai piorar- sussurra Max em meu ouvido, dando uma pequena mordida no lóbulo de minha orelha, fazendo com que meu corpo inteiro se arrepiasse -o gosto é tão bom quanto o cheiro...

   Quando eu parei de me debater a mordida parou de doer. Tento me segurar na blusa de Max mas desmaio antes disso.

  -Sabine? Por favor...- escuto sua voz ao longe

  -O que aconteceu?-pergunto,meio zonza

  -Desculpe. Eu não... Ah, sua avó vai me matar!-diz Max, seu olhar era triste, culpado- me perdoe, por favor.

  -Ei, tudo bem! até que foi uma dor agradável- digo, devo estar muito louca para dizer isso, ou então seja só o efeito embriagante da mordida

  -Dor agradável?! eu quase matei você!

  -Tudo bem,eu estou bem- digo,tentando acalma-lo

  -Sinto muito...

  - Odeio quando as pessoas ficam se desculpando- eu o aviso

    Ele afirma e me ajuda a levantar, sério. Me levanto e eu quase caio- opa! calma ai,eu te levo.

   Ele me pega no colo e eu me sinto uma criança de cinco anos. Max começa a andar e me dá um beijo na testa, que pena.

   Espero que ele não leia isso...

                                                                                    ⛤


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