Lua de Sangue Segunda Edição - Capítulo 18
⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆ Capítulo 18⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆⋆
-Então você acha mesmo que ela existe?- pergunta Luna para Ari, que parece mais impaciente do que o normal.
-Não- diz Ari -eu acho que ela existia. E-xis-tia!
-Por que você tem que ser sempre tão grossa, Ari?- resmunga Luna
-Eu não sou grossa, sou apenas sincera- diz ela -e se isso te incomoda, não é problema meu.
Luna revira os olhos e balança a cabeça em forma de reprovação, mordo os lábios com força para não rir.
-É justo- afirma Leon, Luna da um tapa em seu braço, Leon apenas revira os olhos.
-Cale a boca- ela ameaça.
-Por que você não faz isso?- ele arrebata
-Já estamos chegando?- pergunto, ignorando os dois.
-Quase- diz Ari, enquanto descíamos para o subsolo do palácio, iluminado apenas por tochas espalhadas a metros uma a outra, agarro o braço de Leon, estava quase cega com o escuro, apesar de estarmos em pleno meio dia.
Ela abre uma pequena porta de madeira e ferro, dando para uma escada que nos levaria ainda mais para baixo.
-É só descer- diz Ari, dando espaço para nós passarmos a sua frente.
Leon e eu descemos logo atrás de Luna, então vimos um homem mexendo em alguns livros e vidros, como na casa de Caleb, o anjo chega logo após.
No canto oposto da sala havia um poço de pedra, uma luz arroxeada saia dele, fazendo com que estivéssemos em uma das boates de Foggy Forest.
-Não me lembro de
permitir visitas bem no meio do dia- diz o homem moreno, se virando
para nos olhar, era Kael, sua cara estava coberta de piercings e suas
orelhas com alargadores, devo confessar, esse é o tipo de cara que se
eu o visse em uma rua, eu daria meia volta e fingiria nem mesmo tê-lo
visto, mas não posso mentir que ele é lindo de morrer, característica
física muito comum por aqui. Seu olhar passa por cada um de nós,
parando para me olhar de cima a baixo com um olhar de reprovação, logo
em seguida se desviando para Ari, não desviando o olhar em momento
algum -mas já que sua presença muito pouco conivente me aborrece, o que
traz vocês aqui, na toca do ogro?
-Você não é um ogro Kael- diz Ari, passando a nossa frente, tirando a poeira acumulada de cima de um dos inúmeros frascos antes de lançar um sorriso irônico a ele -é só um anjo mau educado e ranzinza.
-Não muito diferente de você, eu aposto- ironiza, antes de sorrir para ela.
-Precisamos que nos ajude a achar alguém que saiba aonde ficava a biblioteca de Arcamo- diz Ari, direta como sempre
-O mesmo de sempre então- diz Kael, respirando fundo, antes de andar até o poço, sua pele clara se tornando ainda mais roxa pela luz -já lhe disse que não há nenhuma prova de que essa biblioteca realmente existiu e te garanto que existem muitos seres ancestrais andando por ai que creem piamente que ela é apenas uma lenda.
-Por isso você vai nos ajudar- pressiona Ari -não levará tempo algum- ela praticamente implora
-Achem alguém da família Arcamo- diz enquanto folheia um livro velho e empoeirado -só precisam fazer isso.
-Estão todos mortos- diz Luna -não há absolutamente ninguém vivo.
-Touché garotinha- brinca Kael e arqueio minha sobrancelhas -se querem saber a verdade, procurem alguém que não anda mais por essas terras.
-Nós não vamos para Cymopoleia só para isso- Luna intervém
-Eu nunca disse que você
teriam de sair daqui- ele debocha, jogando um frasco em minha direção,
eu pego-o antes que se espatife no chão -vão até a biblioteca do palácio
durante a noite e abram o frasco quando estiverem no meio de um
circulo mágico, queimem alguma coisa que possa chamar a atenção dos
Arcamo, um livro escrito por algum deles, eram escritores famosos,
impossível não haver ao menos um por ai,
-O que?- pergunto
-Eu fiz um acordo com um de meus irmãos- explica Kael -todas as almas dos escritores que estão na biblioteca do palácio pertencem a mim, então eles ficam soltos durante a noite na biblioteca
-O que?- pergunto novamente Kael suspira.
-Esqueça- diz ele
-Não importa- intervém Leon
-Tá- digo um tanto irritada -então é só esperarmos até o anoitecer?- pergunto
-Basicamente- diz Ari
-Então vamos esperar- anuncia Leon, esfregando suas mãos em um gesto despreocupado.
⛤⛤⛤
Quando voltamos ao meu
quarto, Luna disse que estava na hora do meu ''treinamento de
princesa''. Nome muito criativo no meu ponto de vista.
Ela me ensinaria a
dançar hoje, fiquei um pouco preocupada, pois as únicas vezes que
dancei fora com Alice em uma balada, na minha opinião aquilo nem pode
ser chamado de dança, são apenas adolescentes suados se esfregando uns
nos outros, fedendo a álcool, o que me irritava um pouco, mas até que
era divertido...
Luna afasta alguns
móveis de meu quarto para abrir espaço para dançarmos, Leon se acomoda
em uma de minhas poltronas, me lançando alguns olhares furtivos de vez
em quando.
Já seria difícil me
concentrar nas lições de Luna sem a presença de Leon, e com ele me
olhando deste jeito, não ajudaria em muita coisa.
Luna da alguns passos para trás e então me chama, ela coloca sua mão direita em minha cintura e a esquerda em meu ombro e então começa a me conduzir.
-Dobre levemente a perna esquerda, dando graciosamente um passo para trás. Enquanto isso, tente manter torso reto e relaxado- diz Luna, tento fazer o que ela diz sem cair, por algum milagre consigo- você é boa nisso
Luna sorri e sinto o olhar de Leon em meu rosto, tento ignorar.
Ela volta a me conduzir e então realmente começo a achar que estou pegando o jeito.
-Hm?- resmunga Leon e então paramos de rodopiar
-Sim?- pergunta Luna, de um jeito engraçado
-Eu posso?- diz ele vindo em minha direção e então pega minha mão, afastando Luna gentilmente.
-Claro- diz ela sorrindo
Ele segura uma de
minhas mãos entrelaçando nossos dedos e com sua outra mão segura minha
cintura, me puxando contra ele, tento me lembrar de respirar sempre que
posso.
Sinto meu rosto dar uma leve esquentada então desvio meu olhar de seu rosto.
Coloco uma mão em seu ombro e respiro fundo.
Leon começa a me
conduzir devagar, rodopiávamos pelo quarto sutilmente, com sua mão
ainda na minha, ele me roda para longe e trás de volta, ficando
novamente de frente para ele, Leon segura minha cintura com suas mãos e
me levanta , girando-me no ar e então me coloca no chão gentilmente
segurando minha mão para cima, depois de me fazer rodopiar algumas vezes
no mesmo lugar, ele me puxa gentilmente contra ele, desta vez com
minhas costas contra seu tórax.
Sinto meu rosto arder novamente e então olho para Luna, que está nos olhando sorrindo de um jeito esquisito, aprovando o que vê.
Leon segura meu
queixo virando meu rosto para que eu pudesse olhar seu rosto, ele da um
sorriso de canto o que me faz corar mais ainda.
Ele entrelaça os dedos
de sua mão esquerda na minha e as levanta na altura de meu rosto.
Ele toca meu ombro com a mão que estava em minha cintura, e então
desliza seus dedos pelo meu braço até segurar minha mão e estender
nossos braços um pouco para o lado.
Leon começa a dar pequenas voltas comigo, sem tirar os olhos de meu rosto.
-Então você também dança?- pergunto num sussurro
-Mas é claro- responde simplesmente -sempre existe algum baile chato para irmos e Ciara sempre insistiu em me dar aulas e dança, ela dizia que era a melhor forma de impressionar as garotas mais lindas do nosso vilarejo...
-Ah...- digo, um pouco sem jeito
Leon me roda no ar novamente e me coloca no chão, dessa vez comigo de frente para ele.
-Não sei sobre outras garotas, mas você me impressionou- digo sorrindo e ele desvia o olhar de meu rosto pela primeira vez.
-Não existem outras
garotas, só você- sua voz não era mais alta do que um sussurro, seus
lábios estavam curvados em um sorriso e seus olhos, novamente encarando
os meus, demonstravam carinho e interesse.
Solto um suspiro sem querer e ele ri e logo depois continuou com a dança.
Parece que o ar
está difícil de respirar, posso até mesmo ouvir as batidas de meu
coração, nunca me senti deste jeito antes, era estranho.
Leon me faz dar um rodopio e então solta uma de minhas mãos, me fazendo voltar para ele, para logo depois posiciona-la na base de minhas costas então me curva gentilmente para trás.
Ele me trouxe de
volta sem quebrar o contato visual e ficamos nos encarando por algum
tempo, ele começa a aproximar seu rosto do meu lentamente, enquanto
observa meus lábios.
Minha cabeça começa a
girar, eu queria que ele me beijasse, queria muito, minha mente parece
estar perdida e então fecho meus olhos, ansiando seu contato.
-Hm- pigarreia Luna.
Assim que escuto
sua voz, saio de meu transe imediatamente e empurro Leon para longe e
então tropeço em meus próprios pés, quase caindo, mas então sinto mãos
em minha cintura, impedindo de que eu me estatelasse no chão.
-Desculpa- digo me afastando
-Tsc- Leon se afasta também, parecendo mais perdido que eu, seu rosto está levemente rosado
-Volto mais tarde...
Ele anda até a porta e sai por ela.
-Mais que droga- murmuro me sentando na cama
-AHHHHHHHHHHHHH!- grita Luna sorrindo
-O que?! o que foi?- pergunto, tapando meus ouvidos para protege-los de seu grito agudo.
-Vocês são tão
fofos- diz ela se jogando em minha cama e então eu deito em seu lado,
encarando o teto -''Não existem outras garotas, só você''', isso é
tãããããããããão romântico!
-Hmpf- resmungo e então fecho meus olhos.
Luna começa a rir e então começo a mexer na pulseira de Leon.
⛤⛤⛤
Meia noite em ponto saímos para os corredores silenciosos do palácio, Leon nos encontraria em frente a porta da biblioteca, a essa altura da noite metade dos moradores do palácio estaria dormindo ou caçando na floresta próxima, se embebedando em algum bar em um dos vilarejos de Sienna.
Seguro o frasco de Kael com força em minhas mãos, tomando cuidado para não derruba-lo, um arrepio passa por minha espinha quando uma brisa gelada nos alcança, devia ter me vestido melhor, com algo muito mais quente do que uma blusa de flanela.
Avisto a silhueta de Leon assim que viro o corredor, ele se aproxima assim que nos vê.
-Trouxe o carvão- ele avisa, levantando um pequeno pedaço de carvão negro.
-Aaron me deu a chave- Luna avisa, passando em nossa frente para abrir as pesadas portas de aço, adornada por ouro reluzente.
Ela empurra a porta o suficiente para que eu e Leon passássemos, o único som que consigo detectar são o ranger da porta e nossos passos barulhentos, quase caio ao tropeçar uma mesa de ferro, pisco várias vezes para que minhas pupilas se dilatassem o suficiente para eu enxergar ao menos a silhueta dos móveis e das muitas fileiras de estantes de livros com o triplo de meu tamanho.
Luna e Leon empurram a mesa para o lado, o barulho me assusta e engulo em seco, ele tira um tipo de lanterna do bolso de sua jaqueta, passando-a para minhas mãos, aponto sua luz em direção ao piso de madeira, o único no palácio inteiro, Leon segura o carvão na ponta de seus dedos e desenha um pentagrama, desenhando suas arestas e juntando-as com suas cinco pontas, ele me chama com um movimento dedos.
Ando devagar até o centro do símbolo mágico, sentando-me em seu interior. Luna me passa um livro pesado, não consigo ler uma palavra, runas descrevem seu conteúdo.
Leon joga o carvão em meus pés, pedindo para eu acende-lo. Eu o pego com os dedos trêmulos, o acendendo com a chama de uma tocha improvisada de que Luna fizera. Ele queima, mas não pega fogo, sua fumaça invade meu nariz e espirro, Leon revira os olhos e eu olho feio para ele. Abro o livro em uma página aleatória, coloco o carvão aceso em suas páginas envelhecidas, que logo queimam. Pego o frasco e tiro a rolha, seu interior sai pelos ares, uma bruma se forma a nossa volta e sinto ainda mais frio, meus dedos parecem congelar.
Por um instante tudo
fica branco, a fumaça do livro incendiado junta do interior do frasco me
deixam cega, me levanto e ando para fora do circulo mágico, engolindo
em seco.
-Vão embora!- uma voz ecoa pela biblioteca.
Agarro o braço de Leon sem pensar duas vezes e Luna agarra o meu.
Tudo bem, depois de ser mordida por um vampiro, ser atacada por um rei maluco e psicopata, quase ser morta por uma maldita fênix, ser ameaçada por Caçadoras, eu já deveria ter me acostumado com esse tipo de coisa, mas fazer o que, eu realmente sou uma covarde.
-Por favor, precisamos falar com os Arcamo- consigo dizer apesar do nó em minha garganta.
Uma mulher imensa
aparece em dos corredores formados pelas estantes, seus pés não tocavam o
chão, flutuando em nossa direção, mordo o lábio para não gritar de
pavor.
-EU DISSE QUE NÃO!- grita, vinda em nossa direção na velocidade de uma bala, seu bafo de defunto empesteou meu nariz, fazendo-o arder.
-Calma, Virgínia- diz uma moça com traços delicados, ela deve ter morrido quando ainda era muito nova -eu falo com eles.
-Hm!- resmungou Virgínia antes de desaparecer
-Sinto muito por ela- diz a garota, ela usa apenas um camisola branca, larga demais para seu corpo pequeno, seu cabelo loiro cai em seus olhos -o que vocês querem comigo?
-Você é Melissa Arcamo, não é?- diz Luna, seu braço não está mais apertando o meu, ela parece relaxada
-Sim, e vocês, quem são e o que querem?- pergunta ela, desconfiada.
-Eu sou Sabine, e
estes são Leon e Luna- digo, engolindo em seco -gostaríamos de saber
onde fica a biblioteca da sua família... Por favor.
-Você é a princesa,
Aaron falou de você- ela sorri um pouco, ficando no meio do circulo
mágico, passa os dedos pelo livro carbonizado, as páginas se foram, mas a
capa de couro se mantém firme.
-Sim, sou- respondo sem jeito
-Você pode nos dizer onde fica a biblioteca?- Luna pergunta
-Claro- diz secamente -fica no castelo daquele rei tirano.
-Milles?- pergunta Leon, arqueando as sobrancelhas
-E existe outro?- ironiza
-Então ela ainda existe- diz Luna, os olhos brilhando
-É claro que existe
-Eu sabia- murmurou Luna sorrindo
-Bom, agora é só descobrirmos como entrar lá- digo
-Marie e eu planejávamos
uma invasão ao castelo de Milles na tentativa de colhermos informações,
tenho certeza que podemos adiantar as coisas- Leon diz, me puxando para
longe de Luna e Melissa
-Amanhã de manhã?- suponho
-Tenho uma equipe preparada para isso, se conseguir convencer Marie, sim, amanhã de manhã
-Temos que sair antes do amanhecer- digo e Leon ri
-Você não vai a lugar algum- diz
-Ah, pode apostar que eu vou- digo convencida
-Só vai nos atrasar- ele me encara -isso não será um de nossos treinos, é pra valer, se Milles nos encontrar duvido muito que terá misericórdia o bastante para deixar qualquer um de nós sairmos vivos, você não pode correr esse risco.
-Não sou uma bonequinha de vidro, Leon- digo encarando-o com a mesma intensidade -já senti na pele a impiedade de Milles, ou não se lembra? Posso não ser a mais bem treinada, mas com certeza vou atirar uma flecha no meio de seus olhos se ele chegar perto de mim, você sabe como minha mira é ótima.
Ele bufa e passa a mão em seus cabelos.
-Você não faz ideia do que diz, é só uma humana descuidada, é só uma presa fácil para um vampiro como Milles.
-Não vou estar desprotegida, Luna irá conosco e prometo não sair do seu campo de visão, Leon, eu tenho que ir- praticamente imploro.
-Do mesmo jeito- ele parece ceder, uma sombra aparece em seus olhos, escurecendo-os -você é valiosa demais pra correr o risco.
-Ainda sou só uma princesa, Sienna nem vai sentir minha falta se eu morrer- debocho, mas Leon não vê graça do mesmo jeito que eu.
-Não estava falando nesse sentido- praticamente sussurra, chegando perto demais, sinto seu hálito em minha pele -você é teimosa demais, imprudente demais. Não sei porque, mas esse fogo me atrai demais e eu não gosto nem um pouco disso.
O ar parece ficar preso em minha garganta, por um segundo esqueço de como respirar. Ele se afasta e balança a cabeça, e volta a me olhar.
-Eu vou, sabe disso, não sabe?- murmuro
-Eu sei- diz simplesmente, antes de voltar para perto de Luna
-Temos que ir- diz Luna, assim que me aproximo
-Obrigada Melissa, foi de muita ajuda- agradeço
-Não há de que- diz ela -podem vir falar comigo quando quiserem
-Viremos- diz Luna animada
-Adeus, vivos- ela diz e logo depois desaparece, junto com o circulo mágico, o frasco e o livro, tudo some num piscar de olhos.
Caminhamos de volta para os corredores, Luna se despede e vai para seu quarto.
Leon me acompanha até minha porta, sorri para mim e vai embora.
Sinto vontade de chorar quando tranco a porta, me lembrando da sensação de Max mastigando a carne de meu pescoço com os dentes, a lembrança de seus olhos vermelhos me dão calafrios.
Caminho pelo quarto
iluminado de um lado para o outro, me visto o mais rápido que posso,
encaro a lua lá fora, o vento gelado batendo na janela, tranco-a só por
precaução.
⛤⛤⛤
Debaixo das cobertas ainda me sinto completamente apavorada, pulando de susto cada vez que o vento atinge as janelas, fazendo-as tremer.
Pulo da cama quando sinto um pavor tão grande em ficar sozinha, me enrolo nas coberta e abro a porta devagar, saindo pela mesma em direção aos corredores laterais.
Meus pés descalços parecem congelar no chão gelado de mármores, encaro alguns soldados que caminham pelos corredores, alguns me reconhecem e me cumprimento.
Paro na primeira porta do corredor da direita, respiro fundo e dou duas batidas, rezando para ele estar dormindo.
A porta se abre e um Leon todo bagunçado me atende de cara amarrada.
-O que aconteceu?- pergunta coçando os olhos, tento desesperadamente voltar meu olhar para seu rosto, mas meus olhos parecem ter vontade própria quando encaram a quantidade absurda de pouca roupa que Leon está usando, coço a garganta e Leon parece enrubescer, mordo a língua e empurro-o para o lado, abrindo passagem para seu quarto.
Ele parece confuso por alguns segundos, mas apenas balança a cabeça e fecha a porta, estou parada a centímetros dele, embolada nas pesadas cobertas.
Leon arqueia as sobrancelhas e eu engulo em seco, me viro e ando até sua pequena cama, me embolo no canto da parede, fecho os olhos com força antes de abri-los.
-Não queria ficar sozinha- sussurro
-Tudo bem- ele diz e
suspiro aliviada, Leon se deita ao meu lado, a cama é pequena demais
para nós dois, mas ele parece não se importar, puxa suas cobertas que
estavam caídas e se cobre, deixando seus pés e seus braços de fora,
fecha seus olhos e parece adormecer.
Tentei não pensar em como Leon estava perto de mim, tentei não pensar em nosso quase
beijo de hoje a tarde, fiquei me revirando na cama por um bom tempo,
lutei muito para não esbarrar em sua pele quente, quase febril, e então
me viro para o lado decidida a tentar dormir.
Eu tentei, juro que tentei! Mas as horas teimavam em se arrastar, e meu sono fugiu pela direção oposta.
-Leon...- chamo-o, ele resmunga e eu o chamo de novo
-Que?
-Não consigo dormir- digo e ele resmunga baixinho''não diga'' -estou com medo
-Então você tem medo do escuro- zomba ele -por que isso não me surpreende?
-Não tenho medo do
escuro- digo, revirando os olhos -na noite passada... Max apareceu um
meus sonhos, me ameaçando... a dor é tão real e eu...
-Já contou isso pra alguém?- pergunta ele me interrompendo, sentando-se
Nego com a cabeça.
Sinto lágrimas ridículas se formarem em meus olhos.
-Está chorando?- pergunta com as sobrancelhas arqueadas
-Não- minto, me virando para o lado.
-Estúpida- diz, me puxando para perto de si, tirando suas cobertas e se cobrindo com as minhas.
Me viro e encosto minha cabeça em seu peito, agradecendo por sua pele ser tão quente.
Ele passa sua mão em meu cabelo enquanto a outra escorrega por meu braço até encontrar minha mão.
-Então foi aqui que eu deixei isso- diz mexendo em sua pulseira, um sorriso em seus lábios.
-Ah- digo, enverginhada- desculpe, tome...
-Não- diz ele, me impedindo de tira-la de meu pulso -pode ficar
-Obrigado- digo baixinho, encostando minha cabeça na curva de seu pescoço -isso me conforta... é com um amuleto da sorte- digo sorrindo e ele ri -é como se você estivesse comigo.
Leon ficou calado
por algum tempo, o que me deixou um pouco preocupada, então olho para
ele, parecia estar perdido em seus pensamentos, passo suavemente meus
dedos por seu rosto e ele pisca algumas vezes e logo sorri, apreciando o
carinho.
-Isso é bom- sussurra e então sorrio.
Ele se inclina em minha direção e então me beija, foi um beijo suave, gentil.
Leon se afasta, como
quem pergunta se fez a coisa certa e então selo nossos lábios
novamente, respondendo sua pergunta silenciosa.
Sento-me em seu colo
e ele passa suas mãos em minhas costas, fazendo-me ter arrepios, ele
levanta minha blusa, me deixando apenas de sutiã.
É interessante o modo que me sinto queimar tão rápido, mesmo estando aflita segundos antes.
Ele beija lentamente meu pescoço, seus dentes provando minha pele em chamas.
Sorrio e seguro seu rosto entre minhas mãos, afastando seus lábios de mim.
-Agora não- digo baixinho, um pouco assustada com qual poderia ser sua reação, me perguntando se seria igual a de Max
Ele me encara com uma careta esquisita.
-Desculpe- digo de cabeça baixa, tento me levantar mas Leon agarra minha cintura, me impedindo de me mexer
-Por que está se desculpando?- pergunta confuso
-Por que eu...
Ele ri e me puxa para mais perto.
-Não existe motivo algum para você se desculpar- diz -eu que peço desculpas
Olho para ele confusa, Leon coloca uma mecha de cabelo que caia em meu rosto atrás de minha orelha.
-É que você fez uma cara estranha- digo -como se... estivesse decepcionado, ou confuso...
-Você estava me olhando de um jeito que me deixou confuso- explica, tirando uma mecha de cabelo de meu rosto -me olhou assustada
-Ah- é o que apenas digo
-Não se preocupe com
isso- diz ele me dando um beijo na testa -já estou completamente
satisfeito em ter você apenas em meus braços, em ter você me olhando
com esse seu jeito doce...
Sorrio para Leon, isso é a coisa mais linda que já me disseram. Ele se deita e eu o braço, deitando em seu peito.
-Talvez eu até goste
de você- diz sorrindo antes de adormecer e então eu sorrio, mesmo que
isso seja bastante repentino e logo adormecendo.
De repente esse quarto abarrotado se tornou meu lugar favorito.
⛤⛤⛤
Leon e eu passeávamos pelo jardim do palácio, quando escutamos gritos que vinham de dentro do castelo.
Corremos e nos deparamos com uma cena horrível, havia sangue por todos os lados, corpos caídos no chão, sem vida.
Ele vai em direção do Salão Principal e eu dou outra volta pelos corredores.
Me abaixo ao lado de um dos corpos e vejo uma mordida na direção de sua jugular.
Com certeza essa cena macabra foi obra de um vampiro.
-Olá, Sabine- diz Max
-Max...- digo me virando para encara-lo, estava encostado de forma relaxada em uma das pilastras -por que não me surpreende?
Ele sorri enquanto limpa o canto de sua boca com os dedos, tirando o sangue que escorria dela.
-Hm- ele da de ombros -como vai?
-Não vem com essa- digo -tá, o que quer? Pode me deixar assustada, continue brincando comigo, é o que você faz de melhor...
-Ora, por que sempre pensa o pior de mim?- diz ele com uma falsa tristeza -assim você parte o meu cruel e egoísta coração...
Reviro os olhos cansada de tanta encenação.
-Bom, temos assuntos para tratar não acha?- diz vindo em minha direção -então você soube que o conselho preparou um equipe para invadir o castelo de Milles, mas você sabe o motivo para isso...?
-Não- digo entre dentes
Ele sorri e continua:
-Preciso que eles achem uma pessoa, um prisioneiro para ser mais exato, é a única pessoa no planeta que sabe onde aquela joia está.
-Joia...- digo, me lembrando de nossa ultima conversa - a Joia de Cibele, certo?
-Exatamente- diz -preciso dela, imediatamente. Depois de tê-la em minhas mãos posso derrubar Milles e assumir o trono em seu lugar, mesmo que temporariamente...
-O que?- pergunto confusa
-Sabine, eu não
pretendo ficar por aqui por muito tempo, não é da minha vontade ser
rei, mas isso desagradaria muito meu tio, então eu o farei- diz ele -e
isso me leva ao próximo assunto
''Um rei precisa de uma Rainha e como você é a única herdeira do trono, eu pretendo fazer um acordo...
-Que acordo?- digo desconfiada.
-O que eu te disse aquele dia na Floresta, era verdade, eu realmente gosto de você, gosto muito- ele sorri de lado enquanto eu arqueio minha sobrancelha -mas infelizmente, não posso pensar em mais nada a não ser trazer minha mãe de volta, consertar os meus erros, você não pode ser minha prioridade e se isso significa que eu vou ter que ser um monstro, eu serei e não me importarei. Além do mais... você nunca foi minha...- ele acaricia minha bochecha enquanto eu o olho sem entender -você sempre pertenceu a Leon, então simplesmente não era para ser...
-Eu não sou propriedade de ninguém- sussurro
-De certo modo, é
sim- diz ele se distanciando e juro que eu pude ver seus olhos
marejados -e foi assim que eu cheguei em uma conclusão...
Ele se vira novamente para mim, com um sorriso que me fez ter arrepios.
-O meu eu ''bom'', acha que eu deveria te deixar em paz, seguir com meu plano sem te atrapalhar- diz -e o meu eu ''mau'', acha muito mais vantajoso que eu a obrigue a se casar comigo, mesmo que isso te deixe infeliz, e que eu a obrigue a me amar...
-Como é?!- quase grito -Max, não!
Ele ri de minha reação e chega mais perto, mas sem olhar para mim está olhando para algo atrás de mim.
-Max, não..- imploro a ele, enquanto segue em direção a Leon, que mal se move.
-Faça o que eu disse e ninguém se machuca- diz sorrindo
-Isso não é justo...- murmuro
-A vida geralmente não é
justa e se você não se casar comigo, é isso que acontecera com aqueles
que ama- diz enquanto quebra o pescoço de Leon, dou um pulo com o
barulho que me faz ter lembranças horríveis, tento correr
desesperadamente, mas minhas pernas insistem em ficarem paradas,
olhando aquela cena horrível -sua vez...
Max corre, vindo para cima de mim.
⛤

Oiii, seu livro está ficando muito legal.
ResponderExcluirhttps://contoscontos69.blogspot.com/2021/07/lesbico-rapidinha-no-banheiro.html?m=1
Se puder ler e comentar vou agradecer, é um projeto antigo, vamos ver se dá certo.